sexta-feira

Contos de Natal

No passado dia 16 de dezembro de 2011, no âmbito da Prova de Aptidão da formanda Juliana Festa, do 3º ano do curso Técnico de Secretariado B, no auditório dos Bombeiros Amarelos de Santo Tirso, foi revelado o vencedor do melhor conto de Natal, que tinha sido proposto a todos os formandos da escola, tendo nove mostrado a sua criatividade e o seu empenho em participar. O conto vencedor tem como título: “Natal para Recordar” e foi elaborado pela formanda Telma Silva, do 3º ano do Curso Técnico de Secretariado A.
Embora tenha sido uma escolha um pouco difícil, os elementos do júri conseguiram eleger um vencedor, no entanto, todos os contos vão ser compilados num livro, que ficará na biblioteca da escola, para todos os formandos o poderem consultar. Parabéns a todos!

Agora, dêem uma vista de olhos pelo conto vencedor!!!
Juliana Festa (3º SEC B)

Natal para recordar

Esta podia ser uma história como todas as outras, mas a verdade é que não o é.

Mas não se encham de curiosidade, eu apresento-me, eu sou o Pedro, mais conhecido como Pedrinho para as meninas (incluindo as auxiliares da nossa instituição), e Pedrão para os meninos. Sinceramente, não sei por que me chamam assim, o Rui diz que é por conseguir a atenção de todas as meninas da instituição, e quando digo todas, é mesmo tooooodas… Continuando, sou um menino de 6 anos, alto, magro, olhos castanhos e cabelos loiros, a Anita, uma das minhas amigas, diz que sou elegante e eu acredito, porque todas dizem o mesmo. Vivo na Instituição das Tulipas desde sempre.

Na noite passada, acordei durante a noite com o reflexo da luz da sala de jantar, levantei-me e ouvi alguém falar. A Anita diz que sou um menino muito corajoso, então, calcei os meus chinelos de pinguim e fui ao encontro das vozes, quando me aproximei, reconheci a voz da senhora Joana, uma das auxiliares, espreitei pela beirinha da porta e vi-a a chorar abraçada à senhora Rosa, estava prestes a ir ter com elas, quando a senhora Joana falou e então decidi recuar e escutar.

A senhora Joana disse que reviu o orçamento, e temia não ter dinheiro para comprar prendas para todas as crianças. Ao ouvir isto, fiquei admirado, porque estaria a senhora Joana preocupada? O Pai Natal e os seus duendes é que fazem os presentes e nos trazem na noite de Natal! Entrei na sala de jantar e perguntei à senhora Joana por que estava ela a dizer aquelas coisas, e tentei animá-la dizendo que o Pai Natal não precisa que ela gaste dinheiro, eles é que fazem os presentes. A senhora Rosa esboçou um sorriso e disse-me para me sentar no colo dela (ia dizer-lhe que já não tenho idade para isso, já sou um homem, mas não estava na ocasião certa para o dizer), sentei-me e coloquei o braço por cima de cada uma delas. Foi então que a senhora Rosa me disse:

- Sabes, Pedrinho, tens razão. Estás um menino muito crescido.

Agradeci o elogio com um beijinho, despedi-me e voltei para a cama.

No dia seguinte, a senhora Joana pediu-nos para começarmos a escrever a carta ao Pai Natal, e, de seguida, iríamos com a doutora Rita aos correios, como é habitual todos os anos. Como também é costume, depois da ida aos correios, chegamos a casa e todas as auxiliares estavam à nossa espera para cantarmos canções de Natal e cada um pôr efeitos e desenhos na árvore, bem como a sua meia.

Todos nós penduramos a meia, e a doutora Rita, soltando uma gargalhada, convidou o Raul a ir lavar a meia dele (é escusado dizer porquê).

Enquanto a senhora Paula, a nossa cozinheira, ainda estava a fazer o jantar, aproveitei e fui ter com os meus amigos para descobrir o que cada um queria para o Natal. A Anita quer o DVD da Princesa e o Sapo, o João quer uma bola de futebol nova, a última rebentou quando um menino da nossa escola a chutou, a Eva quer um verniz azul, parece que é uma moda nova lá na escola dela, a Catarina quer uma saia como as meninas ricas usam, o Rui quer umas sapatilhas para impressionar a Catarina, o Raul quer um livro com histórias dos grandes inventores, por fim, eu pedi que pudesse passar o dia de Natal com uma família, mas que a minha família (todas as pessoas da instituição) pudesse também passá-lo comigo.

Estes últimos dias têm passado a correr, já só falta uma semana para o dia de Natal, e a nossa casa tem estado num rodopio, estão sempre a entrar pessoas para nos convidar a irmos passar aquele dia com eles, eles vêm e escolhem uma criança para ir.

Hoje, quando fui ao jardim, vi a senhora Joana a olhar para um desenho que todos nós fizemos para ela, um desenho da nossa família, corri para ela e dei-lhe um enorme beijinho, ela sorriu e segredou-me que estava com a sensação de que este Natal iria ser diferente. Nesse momento, entra pelo portão um lindo senhor com uns olhos profundos, mas brilhantes e sinceros, aproximou-se de nós e disse:

- Olá, Pedro, reconheces-me?

Agarrei-me à senhora Joana, porque não o conhecia, como saberia ele o meu nome? Foi então que ele me explicou que era meu tio, os meus pais tinham morrido e quando ele foi para França não me quis levar com ele porque iria ter de aprender uma nova língua, foi por isso que me deixou com a senhora Joana, uma velha amiga dele. Olhei para ela, e a senhora Joana acenou com a cabeça como quem confirma a história, sorri, e ele convidou-nos a todos para irmos passar o Natal com ele e com os meus primos. Voltei a olhar para a senhora Joana, e foi então que ela me piscou o olho e disse baixinho:

- Vês? Eu disse-te!

Corri para dentro para contar a todos que, este Natal, iríamos passá-lo todos juntos, numa casa muito grande! Abraçamo-nos, saltamos, rimos, estávamos mesmo felizes, iria ser o melhor dia de sempre. Preparamos as prendas que tínhamos feito para cada um, e fomos todos para o jardim para o pé do meu tio.

E assim fomos para a tão esperada casa. Quando lá chegamos, ficamos todos de boca aberta, até a Anita, que está habituada a ver grandes casas em filmes. Pedimos permissão para entrar e fomos conhecer os meus primos, foi impossível não reparar na decoração da casa, um enorme pinheiro com muitas fitas, bolas, sinos, laços e muitos presentes debaixo da árvore, e a mesa? Bem, essa estava recheada de doces, aletria, pão-de-ló, bolo-rei, chocolates, tudo o que uma criança adora, vimos também montes de DVD’s, se nos apetecesse ver filmes ao longo da noite, montes de jogos. Quanto aos meus primos, eles são divertidíssimos, este é sem dúvida o melhor Natal de sempre!

O meu presente foi, sem dúvida, recebido.